terça-feira, 25 de setembro de 2012

QUE HOMEM É ESTE?

Entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. De repente, uma violenta tempestade abateu-se sobre o mar, de forma que as ondas inundavam o barco. Jesus, porém, dormia. Os discípulos foram acordá-lo, clamando: "Senhor, salva-nos! Vamos morrer! " Ele perguntou: "Por que vocês estão com tanto medo, homens de pequena fé? " Então ele se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e fez-se completa bonança. Os homens ficaram perplexos e perguntaram: "Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? " Mateus 8:23-27

Esta é a pergunta que todo cristão deveria fazer em sua jornada. E não fazê-la somente uma vez, mas todas as vezes em que sentir necessidade de testar a qualidade da sua espiritualidade. Falo assim porque pode acontecer que ao longo da vida percamos Jesus de vista.
Nesta pergunta se baseia toda nossa fé. O tipo de espiritualidade que demonstraremos ou o modo como nos relacionaremos com Deus está intrinsecamente ligado em como responderemos a esta simples questão. Para mim, quem é Jesus?
Se Jesus for para mim apenas um acalmador das tempestades mais turbulentas da vida, então só vou me lembrar dele quando a coisa estiver bem complicada. Enquanto estiver dando conta do recado não preciso dele; ele pode continuar dormindo porque nesse caso do meu barco cuido eu.
Se Jesus for apenas um cara bacana, que viveu neste mundo de forma incomum, que pregou a paz entre as pessoas e que ajudou muita gente e depois morreu, então Ele não poderá fazer muita coisa por mim já que está morto. No máximo, Ele me servirá de um bom exemplo de vida.
Jesus precisa ser tudo isso e muito mais. Ele precisa ser o meu socorro sempre presente na tempestade, mas também minha fonte de inspiração na calmaria. Ele precisa ser meu exemplo de vida e fé. Ele precisa ser meu irmão, conselheiro, meu redentor, o meu tudo.
Quanto mais caminhamos com Ele, mais cheio de significado Ele será em nossa existência. Quanto mais nos tornamos íntimos, menos medo do dia mau teremos, porque saberemos que, mesmo que pareça que esteja dormindo, no fundo de nosso ser, saberemos que Ele está velando por nós.
Foi por isso que os discípulos foram corrigidos por Jesus. Vocês não têm fé não?
- Fé pra quê? Pra dizer para a tempestade e para o vento se acalmarem?
-Não, para saberem que eu sempre estarei ao lado de vocês, mesmo quando for para o meu Pai.
Isto é maravilhoso. É assim que tem que ser nossa fé. Ela se faz viva quando entendemos que em alguns momentos não podemos fazer mais nada, mas sabemos que Jesus está ao nosso lado.
Quem é este homem que eu digo seguir? Quem é este que confesso ser discípulo?
A nossa resposta nos dará uma boa pista por onde anda nossa espiritualidade e nossa comunhão com o Cristo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O ESCÂNDALO DA CRUZ

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. 1 Coríntios 1:18-24

A mensagem do evangelho é a mensagem do Cristo crucificado e ressurreto. Não há outra mensagem que possa tirar o homem do seu processo de morte espiritual que o mantém longe de Deus. É assim que Paulo começa sua carta que tem a intenção de tratar um problema na igreja de Corinto, a divisão entre os irmãos.
Alguns, por possuirem uma situação financeira melhor, tratavam os demais com desprezo e descaso. Na própria reunião da ceia, onde se celebrava o Cristo ressurreto que morreu para de todos os povos fazer um, havia divisões, uns se banqueteavam e outros passavam fome.
Outros, talvez por não terem posses, usavam sua suposta "espiritualidade", para se mostrarem superiores aos demais. Esqueciam-se de que os dons não são dados por mérito, mas por graça de Deus.
Então Paulo começa o trecho acima demonstrando o paradoxo da mensagem da cruz que é exatamente o oposto ao modo de vida que aqueles crentes viviam.
A mensagem da cruz é loucura para quem está morrendo. Não deveria ser o contrário? Se estou morrendo e vem alguém me dizer que há um remédio que pode me salvar, não haveria eu de aceitar esse presente?
Mas o problema do homem é exatamente esse, aceitar que está neste processo de morte e que esse processo, no fim das contas será irreversível. Para aquele que está neste processo, esta mensagem se torna louca e insana.
Um outro obstáculo encontrado nesta mensagem é que ela se diz única. Todas as religiões que existiram em todos os tempos trataram as suas divindades em uma relação de troca e barganha. Para se alcançar o favor desta divindade devia-se oferecer algo em troca. Vem Jesus e diz que está tudo pago e você não precisa oferecer nada em troca. Aliás, nada do que você ofereça é capaz de fazê-lo se aproximar de Deus, porque de fato é Deus quem se aproxima do ser humano. Isto é fantástico, mas é escandaloso para um mundo onde as idéias de retribuição estão vivas dentro das pessoas em cada âmbito de suas relações.
O seu intelecto não é capaz de compreender a mensagem da cruz. Você precisa se convencer de que a simples inteligência é incapaz de reconhecer nesta mensagem a fonte da vida. A cruz nos faz despirmo-nos de tudo aquilo que nos dá orgulho, nossa inteligência, nossa cultura, tudo aquilo que temos ou que somos, tudo deve ser retirado ao nos chegarmos à cruz de Cristo.
Não há milagre na mensagem da cruz, pelo menos não nos moldes pretendidos pelos judeus. Jesus disse que o único sinal que haveria seria o de Jonas, ou seja, o sinal de sua morte na cruz do Calvário e sua posterior ressurreição. Nada mais. Não existe milagre em um homem carregando a sua cruz pelas ruas de Jerusalém com o corpo todo ensanguentado implorando por um copo de água. Jesus abriu mão de qualquer evento espetacular que o fizesse se libertar da cruz. Existe, claro, um milagre, mas não é espetacular no sentido visual da palavra (pelo menos não no início); este é o milagre do novo nascimento que se processa quando eu entendo que o sinal de Jonas foi por minha culpa. Mas antes disso, não há milagre, só há escândalo.
Por fim a mensagem da cruz diz que após a apropriação desta mensagem em minha vida eu preciso negar a mim mesmo, carregar a minha cruz e seguir a Cristo, e assim serei seu discípulo.
Carregar a cruz não é levar problemas da vida. Não é a doença, a dependência química do filho ou o marido alcoólatra. Carregar a cruz é se identificar com Cristo, e nós só conseguiremos essa identificação quando nos parecermos com ele, negando a nós mesmos e nos preocupando com o outro.
O carregar a cruz para Jesus significa entre outras coisas que Ele havia abrido mão de sua glória, de tudo que era e possuía quando estava com o Pai, para se preocupar com o ser humano, e não há outra forma de se identificar com o Cristo e ser seu discípulo se não fizermos o mesmo. E à medida em que vamos vivendo desta forma, altruísta e solidária, vamos ficando cada vez mais parecidos com nosso mestre ao ponto das pessoas não terem dúvidas quanto ao nosso discipulado.
A mensagem da cruz é radical e exige uma mudança radical de todo aquele que se identificar com ela. É poder de Deus para aqueles que vão sendo salvos.