quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ESPERANÇA EM MEIO AO CAOS

E outra vez começou a ensinar junto do mar, e ajuntou-se a ele grande multidão, de sorte que ele entrou e assentou-se num barco, sobre o mar; e toda a multidão estava em terra junto do mar. E ensinava-lhes muitas coisas por parábolas, e lhes dizia na sua doutrina:
Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E aconteceu que semeando ele, uma parte da semente caiu junto do caminho, e vieram as aves do céu, e a comeram; E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda; Mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos e, crescendo os espinhos, a sufocaram e não deu fruto. E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro sessenta, e outro cem. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Marcos 4:1-9

De acordo com Joachim Jeremias esta parábola, diferente de sua costumeira interpretação, deveria ser vista como uma parábola escatológica. Isto quer dizer que provavelmente Jesus a pronunciou em um sentido não alegórico como sempre temos ouvido.
Olhando por este prisma, Jesus nos leva a um cenário de caos. O homem da terra, sabido das coisas da terra como costuma ser, sai a semear. E conforme a semente vai caindo, vai se formando o caos. Nenhum resultado, nenhum sucesso, tudo parece fracassar. A que cai à beira do caminho não vinga. A que cai no pedregulho vinga mas por não ter raíz logo morre. A que cai entre espinhos é sufocada por estes. Olhando assim até parece que este homem da terra está fazendo um péssimo trabalho e que não entende muito do seu ofício de plantar.
No coração dos ouvintes de Jesus nasce uma agonia porque à medida que Jesus vai narrando este cenário de fracasso, eles vão imaginando o resultado final: fome, miséria, escassez.
Jeremias associa esta parábola ao reino. E é bem assim mesmo que nos sentimos quando vemos o que estão fazendo com a Palavra.
Os cristãos sérios, verdadeiramente convertidos e que têm sua fé alicerçada em Jesus e não em coisas, não têm receio de afirmar que vivemos um cenário caótico dentro dos arraiais cristãos.
Um evangelho equivocado e pernicioso tem sido pregado nos meios de comunicaçãoe em muitas igrejas e que ensina as pessoas a viverem um relacionamento de barganha com Deus. Se eu fizer isso, aquilo ou aquiloutro, Deus vai me abençoar. Se eu fizer essa campanha, corrente, promessa, Deus vai retribuir. Evangelho de troca. Deus não age desta maneira. Deus age por graça.
Quando vemos este cenário ficamos como os ouvintes de Jesus, perplexos e desanimados porque tudo indica que o fim será triste.
De repente Jesus muda drasticamente o cenário e diz que algumas sementes cairam em solo fértil, e essas produziram, tanto, mas tanto, que superaram em muito aquelas que não produziram.
E é nesta esperança que reside toda a beleza da parábola. Apesar da improbabilidade, Jesus afirma que no fim das contas o reino vai ganhar e os frutos serão tantos que ninguém se lembrará do aparente início tímido que teve a plantação de Deus.
Esta é uma mensagem de esperança para aquele que acha que a mensagem de Jesus está perdendo. Para aquele que acha que tem mais gente perdida do que salva. Para aquele que acredita que o evangelho falhou. Jesus diz que não.
Simplesmente semeiem, plantem, porque o crescimento pertence a Ele.

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